Monday, May 09, 2005

Avó

Tenho tanto para te dizer. Tanto para te agradecer. Nem sei por onde começar. Pergunto a mim mesmo o que fiz para merecer ter conhecido alguém como tu e ter sido o receptáculo de tanto amor e carinho. As respostas não surgem com facilidade. Talvez não exista uma resposta para essa pergunta. Quando somos bafejados pela sorte, o melhor talvez seja nem sequer questionar o porquê dessa sorte.
Estiveste sempre lá. Quando nasci. Quando cresci. Assististe ao meu crescimento e foste parte essencial nesse mesmo crescimento. Aquilo que sou hoje devo-o em grande parte a ti e aos teus ensinamentos. Ensinaste-me tanta coisa. Sobretudo ensinaste-me a dar aos outros sem esperar nada em troca. Apenas pelo prazer e gratificação inerentes ao próprio acto de dar. Ensinaste-me também a praticar o bem e a respeitar os outros, mesmo quando são tão diferentes de nós.
Para ti não existia o exterior. Era o interior das pessoas que importava. Se o seu interior fosse bom, de pouco importava qual a sua cor, a sua religião ou quanto dinheiro tinham na carteira.
A tua riqueza consistia na capacidade interminável de estares disponível para ajudar os outros. E quanto mais davas de ti, mais rica te tornavas. Isso nunca hei-de esquecer.
Só tenho pena de nunca te ter agradecido convenientemente tudo aquilo que fizeste por mim ao longo da minha vida. Não me conhecias de lado nenhum, não tinhamos laços de sangue que nos unissem, no entanto, acolheste-me e cuidaste de mim como se fosse um dos teus e isso fez-me ver que a verdadeira família não é aquela que se esconde por trás de traços genéticos comuns, mas sim aquela que nos recebe com amor, nos protege e se preocupa com o nosso bem-estar.
Agora, nesta hora em que parte de ti se separou de mim para sempre, resta-me a consolação de sentir que deixaste em mim tanto amor, tanta gratidão, tanto respeito pelos outros. Isso eu sei que nunca sairá de dentro de mim.
Obrigado Avó!

0 Comments:

Post a Comment

<< Home