Sunday, April 10, 2005

Máscaras

A raiva de só pensar. Só pensar para não sentir. Ou pensar em como sentir. Não interessa. O que interessa é que tens de pensar cada vez que assumes um risco. Cada vez que descobres algo dentro de ti. Tens de partir para a análise fria e racional desse momento, para logo nesse instante lhe retirares qualquer réstia de pureza, de novidade, de verdade.
Escolheste seguir esse caminho porque querias destruir as máscaras que criaste para ti e para os outros. Para que eles não vejam quem és. Porque podem não gostar de ti. Mas já pensaste que és tu quem pode não gostar daquilo que vê? Senão porque razão te esconderias por atrás de sombras, fachadas, risos ocos e alegrias cinzentas?
Quem és tu? Quem se esconde por detrás das máscaras? Às tantas já perdeste a conta a ti próprio. Deixaste de ser quem eras para assumires um papel criado por ti. Nesse teu teatrinho que julgas ser a tua vida. Achas bem? Pensas que as pessoas não notam? Ou pensas que a tua plasticidade ganha contornos de verdade aos olhos dos outros? O teu público não é estúpido. O maior erro é pensares que o teu público não percebe o que estás a querer fazer.
.....
Ficaste sem saber o que dizer? Do que é que estavas à espera? Pensavas que ninguém iria perceber? Mais tarde ou mais cedo as tuas máscaras vão começar a cair, de tão gastas que estão. Aí as pessoas vão perceber quem és. A tua verdadeira essência. Mas isso não vai ser uma coisa bonita de se ver. Porque a tua alma estará murcha e pálida. Porque ela precisa de ar para respirar e espaço para viver. E tu não lhe deste isso. Quando eles te virem assim, nu e pequeno, vais desejar ter mais uma das máscaras criadas por ti. Mas aí será tarde demais. De tanto pensares a tua fábrica desmoronou-se. Caiu de podre.
De tanto reflectires, de tanto te protegeres, esqueceste-te que a vida é para ser vivida e não para fugirmos dela.
Chega de teres pena de ti.

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